TRONADES DE MANGOS, de MARE OMNIUM.

POEMA DE MARE OMNIUM- TRONADES DE MANGOS













RACEMOS DE MANGAS 
                                                                               A Abel e aos seus


As distâncias diminuem

e quão asas de metal vão injetando-me

a calma que te escorrega da aura.

Vale a pena que desempoe os medos

porque o voo é para encontrar o futuro,

para te apagar o caderno das lembranças,

para retomar o escrito no ponto final.


O pássaro aterra sobre o verde,

ainda dorme o dia e é uma sombra

o perfil sonhado.

A pele me abre os poros de noite vivida,

deixarei que me penetrem satisfeitos

os mundos inseridos na terra escura.
 

Não pincham os arames da fronteira,

sente-se-lhe uma teia incolor do povo,

aqui os fonemas conhecidos não ferem,

são melodias de seda para o ouvido.

Enveredamos um caminho semeado de estrelas,

atravessamos os campos intuídos de cana

para alcançar a pátria dos avós.

Muitos anos de vozes pensadas a quilómetros,

conversas obrigadas a ficarem magras.

Noite de luzes acesas a enxugar abismos,

a chegada às feridas dos antenados,

velada infinita que resgata o tempo.

Como as cartas não foram de carne

ficam curtas as claridades das palmeiras

no quotidiano dos comboios

que não passam, os racemos de mangas

no teto e os longos concertos dos frangos.


Cuba é como um parêntese meio cheio

e a outra metade são interrogantes.


Josep Micó Conejero

TRONADES DE MANGOS

                                                                            A Abel i als seus
Les distàncies minven

quan ales de metall van injectant-me

la calma que et regalima de l’aura.

Paga la pena que espolse les pors

perquè el vol és per trobar el futur,

per esborrar-te el quadern dels records,

per reprendre l’escrit al punt i a part.


L’ocell aterra sobre el verd,

encara dorm el dia i és una ombra

el perfil somiat.

La pell m'obri els porus de nit viscuda,

deixaré que em penetren satisfets

els mons empeltats en la terra fosca.


No punxen els filferros de frontera,

se la sent un tel incolor del poble,

ací fonemes sabuts no fereixen,

són melodies de seda a l’oïda.

Enfilem un camí arriscat d’estrelles,

travessem els camps intuïts de canya

per recobrar la pàtria dels avis.

Molts anys de veus pensades a quilòmetres,

converses obligades a ser magres.


 Nit de llums enceses que eixuga abismes,

l'arribada a les ferides pairals,

vetla infinita que rescata el temps.

Perquè les cartes no foren de carn

queden curtes les clarors de palmeres

en la quotidianitat dels trens

que no passen, les tronades de mangos

al sostre i els llargs concerts de pollastres.


Cuba és com un parèntesi mig ple

i l'altra meitat són interrogants.


Josep Micó Conejero

Comentaris